Revisão para a prova - 6º ano
Revisão para a prova - 6º ano
Importante:
Esta revisão não é material suficiente
para estudar para a prova.
Use o Estudo Dirigido e todas as
marcações nele indicadas para estudar.
Texto 1
LOBATO, Monteiro. “Hércules e Cérbero”
(trecho). _____. Os doze trabalhos de Hércules. Tomo II. São Paulo:
Brasiliense, 1955. pp. 254-259.
(....) Hades estava no trono. Um deus
sombrio, soturno, cujo nome os gregos não gostavam de pronunciar. Todas as coisas
a ele associadas eram terríveis e tétricas. Nada em seu reino que lembrasse as
amenidades do Olimpo. Emília esfriou ao vê-lo. Teve medo. Foi uma das raras
vezes em que realmente teve medo.
Hércules adiantou-se e disse:
— Divindade, aqui estou por ordem de
Euristeu para levar vivo a Micenas o cão Cérbero.
Hades sorriu — e que sorriso
impressionante! Era o sorriso dum deus que conhece a sua quase onipotência.
Perséfone, ao seu lado, majestosamente bela, tinha os olhos na figura titânica
do famoso herói. Conhecia toda a sua história e em seus músculos sentia a força
de Zeus, cujo sangue corria nas veias de Hércules.
Depois daquele apavorante sorriso de
Hades e duma pausa de alguns segundos — a mais sinistra pausa que se possa
imaginar — o deus dos infernos disse:
— Cumpri a ordem do vosso rei. Levai
Cérbero, mas não consinto que o ataqueis com arma nenhuma.
Hades tinha a mais absoluta certeza de
que corpo a corpo, sem uso de arma nenhuma, Hércules, ou qualquer outro herói,
jamais conseguiria apoderar-se do guardador da porta do inferno. E se lhe deu
licença para levar Cérbero, foi na convicção de que o herói acabaria nos dentes
do monstro. O seu sorriso era o antegozo do fim trágico duma criatura
considerada invencível.
— Ide.
Foi assim que deu por encerrada a
audiência. Hércules fez uma saudação para retirar-se. Perséfone o deteve.
— Quem são essas figurinhas que o
acompanham? — perguntou com os olhos em Emília e no Visconde.
Hércules fez a apresentação de seu
escudeiro e da sua "dadeira".
— Dadeira? — repetiu Perséfone, que pela
primeira vez ouvia semelhante palavra.
— Sim — respondeu Hércules
respeitosamente. — Emília me fornece ideias nos momentos graves. Sua
inteligência me assombra; e a pedido da deusa contou duas ou três passagens da
criaturinha.
Perséfone fez um ar apiedado.
"Héracles já esteve demente. Correu que sarara. Vejo agora que sua loucura
é das incuráveis..." foi o pensamento da deusa.
O herói retirou-se acompanhado das
"sarnas". Dirigiu-se para a porta do inferno.
— Lá está ele!... — berrou Emília.
Ele sim. Cérbero... Lá estava à
porta da mansão das sombras o horrendo mastim de três cabeças. Bem certo o que
diziam: três cabeças diferentes, corpo de mastim e cauda de dragão.
Cumprindo as exigências do deus,
Héracles abandonou as armas que trazia, inclusive a pele do leão. Como a usasse
feito escudo, lealmente considerava aquilo arma.
Mas a dadeira interpôs-se.
— Isso não, Lelé! Hades falou em armas,
não falou em pele.
— Mas esta pele tem sido o meu escudo,
já que é invulnerável.
— Isso sabemos nós e mais ninguém.E como
ninguém sabe que essa pele é o
melhor
dos escudos, meu conselho é que não a ponha de lado.
Hércules, indeciso, olhou para o
Visconde e para o mensageiro de Palas. Ambos foram da mesma opinião. Três votos
contra um. Hércules, que já havia largado a pele revestiu-a novamente — e foi o
que lhe valeu!...
Emília ficou de coração parado e fôlego
suspenso quando o herói se dirigiu para Cérbero com o mesmo passo firme com que
se dirigira para o touro de Creta. Impavidez era ali! Coragem era ali!
Ao vê-lo avançar, Cérbero piscou três
vezes com os seus seis olhos, porque nunca em vida sua acontecera semelhante
coisa: um homem desarmado avançar contra ele. Mas a vacilação foi rápida. Seus
olhos espirraram fogo, seus dentes se arreganharam — e Cérbero atirou-se contra
o herói com o ímpeto dos mastins que se sabem invencíveis.
O herói desviou-se do bote e agarrou-o
por dois pescoços, um braço em redor de cada um. Mas o terceiro pescoço de
Cérbero não teve braço que o agarrasse... e com aquela cabeça livre o canzarrão
atacou. Ferrou uma dentada no ombro do herói, que o teria liquidado se não
fosse a pele invulnerável. Nela se quebraram metade dos dentes da boca
atacante. Que luta tremenda foi! O jeito de Hércules era um só: matar uma das
cabeças agarradas para libertar um braço, e com esse braço agarrar o pescoço da
cabeça atacante. O herói tinha ordem para levar a Micenas o cão vivo, mas
Euristeu não falara em levá-lo com as três cabeças vivas. Num esforço
gigantesco Hércules torceu um dos pescoços agarrados; depois que viu a
respectiva cabeça morta, com os olhos esbugalhados e a língua pendente,
desembaraçou o braço e colheu o pescoço da cabeça livre.
Estava terminada a luta. Cérbero moleou
o corpo. Sua cauda de dragão aplastou-se no solo.
Minervino, que para ali viera por ordem
de Palas e tudo previra, aproximou-se com uma corda ajeitada em forma de
focinheira. Hércules enfiou-a num dos focinhos do mastim; depois ajeitou outra
focinheira no outro focinho. O terceiro dispensava esse cuidado — era o focinho
da cabeça morta.
Pronto. Só restava conduzir até Micenas
aquele molambo mais morto que vivo — e lá saiu Hércules com ele às costas.
Quando Hades viu o herói passar pela
frente do palácio com Cérbero às costas, quase morreu de paixão. Pulou do trono
para lançar contra ele todas as fúrias infernais. Perséfone o deteve.
— Palavra de deus não volta atrás —
disse a majestosa deusa. — Fui testemunha de que o autorizaste a capturar
Cérbero, se o atacasse sem armas — e Héracles não usou arma nenhuma.
Hades caiu em si e voltou para o trono a
remorder-se de ódio impotente. Estava preso pela sua própria palavra. (....)
1 – O texto acima é
parte de um livro escrito por Monteiro Lobato. O que ele tem em comum com “O
voo de Pégaso e outros mitos gregos”?
2 – São citados pelo
menos cinco personagens da mitologia grega vistos durante as apresentações dos
trabalhos elaborados por vocês. Quais seus nomes e o que representam?
3 – “Cumpri a ordem do
vosso rei. Levai Cérbero, mas não consinto que o ataqueis com arma nenhuma”. Podemos
dizer que a fala de Hades está em linguagem formal ou informal?
4 - Hércules é chamado
de Héracles, por Perséfone, e de Lelé, por Emília. Por que existe esta
diferença?
5 – Na sua opinião,
Hércules foi honesto com Hades? Por quê?
Texto 2
6 – A imagem acima é
capa de uma revista em quadrinhos. Que relação podemos estabelecer entre ela e
o texto 1?
7 – A imagem resume um
dos mitos lidos por nós em sala de aula neste bimestre. Que mito é este?
8 – Sabemos que os
mitos surgem para explicar aquilo que o homem daquela época não era capaz de
explicar. O mito acima apontado por você resume qual fenômeno da natureza?
9 – O texto 2 se
apresenta em linguagem verbal, não verbal ou mista? Explique.
Revisão para o 6º ano – Gabarito
1 – O texto cita personagens abordados no livro, pertencentes
à mitologia grega.
2 – Hades, Deus do mundo subterrâneo, ou dos mortos;
Cérbero, cão de três cabeças que guarda os portais do mundo inferior;
Perséfone, antes, Core, filha de Deméter, agora rainha do mundo inferior, tem
relação com as mudanças climáticas na Terra; Zeus, Rei do Olimpo, Deus de todos
os Deuses; Hércules, metade deus, metade homem, filho de Zeus.
3 – A linguagem usada aqui é formal, pois não há presença de
gírias ou marcas de oralidade.
4 – Como os mitos, inicialmente, não possuíam registro
escrito, eram contados por muitas pessoas e, em alguns momentos, isto fazia com
que surgissem alterações em algumas informações da história.
5 – Se considerarmos que a pele invulnerável de Hércules é
um escudo, então, ele não foi honesto com Hades.
6 – Personagens do texto 1 aparecem na ilustração: Hades e
Perséfone. Aparece, também, a mãe de Perséfone, Deméter.
7 – O mito de Deméter que, ao perder sua filha, fica triste
e, com ela, toda a natureza definha. Porém, no período em que recebe a visita
de Perséfone, Deméter fica feliz, revivendo, assim, a natureza.
8 – Explica o fenômeno das mudanças climáticas.
9 – Linguagem mista. Há a presença de palavras e de
ilustrações.
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